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Vinhos do Vale do São Francisco: A Surpreendente Região Produtora no Brasil

Vinhos do Vale do São Francisco:

Vinhos do Vale do São Francisco: A Surpreendente Região Produtora no Brasil

Nos últimos anos, a região do Vale do São Francisco tem conquistado espaço e prestígio no cenário vinícola nacional e até mesmo internacional. Não é à toa que se tornou o principal responsável pelas exportações de uva de mesa no Brasil.

Situada entre a Bahia e Pernambuco, a região conta com uma latitude que, até pouco tempo, era considerada impensável para a produção de vinhos. No entanto, vem experimentando um crescimento notável, tornando-se o único local do mundo a produzir duas safras e meia por ano.

Ficou curioso para saber mais sobre o Vale do São Francisco? Acompanhe este artigo e descubra os detalhes da produção vinícola na região, sua história e os tipos de uvas cultivadas por lá.

Produção de vinhos na região do Vale do São Francisco

A área onde são produzidos os vinhos finos na região abrange cerca de 500 hectares, englobando os estados baiano e pernambucano, com destaque para o eixo Petrolina (PE) – Juazeiro (BA). Além dessas, outras cidades produtoras incluem Casa Nova e Curaçá, na Bahia, e Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande, em Pernambuco. Essa última, inclusive, emancipada em 1997, já se tornou um dos grandes destaques, ostentando o título de capital nordestina da uva e do vinho, com 10 vinícolas.

O Vale do São Francisco apresenta um clima tropical semiárido, uma peculiaridade que, com a ajuda da irrigação proveniente do rio São Francisco, permite aos vinhedos produzirem uvas durante todos os meses do ano. Assim, são produzidos os chamados vinhos tropicais, com identidade própria e originalidade. A região produz vinhos finos, espumantes, vinho licoroso e brandy, totalizando mais de 50 rótulos reconhecidos nacionalmente.

Vale do São Francisco (2)

Algumas das vinícolas presentes na região são a Botticelli, Bianchetti, Mandacaru, Terroir do São Francisco, Rio Sol, Quintas São Braz e Terranova.

História da uva e do vinho no Vale do São Francisco

Embora o Vale do São Francisco tenha ganhado destaque na produção de uvas e vinhos mais recentemente, a verdade é que a história da fruta na região remonta aos anos 1960, quando as primeiras videiras foram cultivadas.

As cidades de Petrolina e Juazeiro receberam estações experimentais e, mesmo com pouca chuva, o clima quente e seco impulsionou a vitivinicultura. Ainda na década de 60, outros municípios próximos seguiram o mesmo caminho.

Naquela época, eram produzidos principalmente vinhos base para vermutes e uvas de mesa. Já nas décadas de 1980 e 1990, iniciou-se a produção de vinhos finos e uvas sem sementes, demonstrando o potencial da região para o setor.

Tipos de uvas cultivadas no Vale do São Francisco

As variedades cultivadas na região incluem:

Uvas tintas:

  • Syrah;
  • Cabernet Sauvignon.

Uvas brancas:

  • Moscato Canelli;
  • Chardonnay;
  • Sauvignon Blanc;
  • Moscatel;
  • Silvaner;
  • Viognier.

No que diz respeito à produção de vinhos, destacam-se os espumantes, como o Brut Rosé feito a partir da uva Syrah. A bebida apresenta aromas de framboesa e morango, além de sabor com notas de carambola e acerola, e um paladar saboroso e delicado.

O espumante Moscatel é doce, refrescante e leve. Oferece aroma intenso, com tons florais e frutados, incluindo melão, mel e jasmim. Já o vinho tinto elaborado com Syrah e envelhecido em barricas de carvalho exibe aroma complexo e intenso, com toques de gengibre, noz-moscada e ameixa-preta.

1º IP para vinhos tropicais do mundo

Em novembro de 2022, a Revista da Propriedade Industrial (RPI) nº 2.704 reconheceu o Vale do São Francisco como Indicação de Procedência (IP) para vinhos finos, nobres, espumantes naturais e moscatel espumante. A área de produção dos chamados vinhos tropicais engloba cinco municípios localizados em dois estados do Nordeste: Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco; e Casa Nova e Curaçá, na Bahia.

Selo Indicação de Procedência Vale do São Francisco

Com essa concessão, o Brasil chega a 105 Indicações Geográficas registradas no INPI, sendo 32 Denominações de Origem (23 nacionais e 9 estrangeiras) e 73 Indicações de Procedência (todas nacionais).

O reconhecimento se deve ao fato de que a área delimitada da IP Vale do São Francisco se originou com a organização da produção agrícola irrigada da região, iniciada na década de 1960. A irrigação permitiu que terras até então consideradas improdutivas se tornassem áreas verdes ao longo das margens do Rio São Francisco, proporcionando condições únicas para as videiras.

Os atributos físicos do meio geográfico, aliados à latitude e ao clima tropical semiárido, foram associados ao longo do tempo a sistemas de produção vitícola específicos. Assim, as videiras da região possibilitam colheitas sucessivas ao longo do ano, resultando em vinhos originais.

A viticultura comercial para vinhos teve início nos anos 1970/1980, com base em projetos que envolveram enólogos e investimentos externos à região. Por sua vez, a comercialização dos vinhos tropicais começou na década de 1980. A maioria dos produtores elabora os vinhos em vinícolas próprias.

As vinícolas do Vale do São Francisco também têm ampliado sua participação em feiras e eventos de vinhos e gastronomia, com degustação e distribuição de material informativo. O aumento da produção e a evolução dos vinhos de qualidade e espumantes têm conquistado diferentes mercados no Brasil e no exterior, além de premiações em concursos nacionais e internacionais nos últimos anos.

A documentação enviada ao INPI também indicou a existência de diversas notícias e demais publicações relacionadas aos vinhos do Vale, comprovando que o Vale do São Francisco se tornou conhecido como centro de produção de vinhos. Foi apresentada pesquisa na internet com o nome geográfico Vale do São Francisco isoladamente e correlacionado aos termos “vinhos”, “viticultura” e “vitivinicultura”, que resultou em centenas de páginas de textos (com e sem fotos) e de vídeos/filmes específicos sobre a vitivinicultura na região.

Também estão presentes na documentação encaminhada ao INPI estudos acadêmicos que demonstram a quantidade expressiva de pesquisas desenvolvidas há pelo menos 15 anos sobre a vitivinicultura no território da IP.

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Em suma, a Região do Vale do São Francisco é um verdadeiro oásis para os amantes de vinhos e uma prova da capacidade e resiliência dos produtores brasileiros. Com um terroir único, inovações tecnológicas e um clima que permite colheitas sucessivas ao longo do ano, a região vem ganhando destaque no cenário nacional e internacional, conquistando apreciadores e críticos de vinhos com seus rótulos de qualidade e personalidade. Portanto, não deixe de explorar essa nova fronteira do vinho nacional e saborear as delícias produzidas no coração do Nordeste brasileiro!

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